Sinopse: Marina Abramovic viaja pelo Brasil em busca de cura pessoal e inspiração artística enquanto experimenta rituais sagrados e apresenta seu processo de pesquisa e criação. A jornada inclui as curas do médium João de Deus em Abadiânia, locais sagrados na Chapada dos Veadeiros, os rituais do Vale do Amanhecer em Brasília, a tradição dos raizeiros e benzedeiros de Goiás, a força do sincretismo religioso na Bahia, as cerimônias de ayahuasca e sauna sagrada na Chapada Diamantina, os processos xamânicos em Curitiba e a força dos cristais de Minas Gerais. As esperiências disparam uma outra viagem, interna e pessoal da artista, por lembranças, dores e aprendizados. Mix de road movie e thriller espiritual, o documentário acompanha Abramovic, uma das maiores artistas da atualidade, em busca por pessoas e locais de poder.
Na última quinta-feira, dia 19 de maio, houve a estreia do documentário "Espaço Além - Marina Abramovic e o Brasil" em dois cinemas de Belo Horizonte, o Cine Belas Artes e o Cineart Ponteio. Tomei conhecimento dele por conta da pesquisa dirigida pelos professores acerca da performer, e me interessei logo de cara. Fui ao cinema com minha mãe, o que tornou a experiência ainda mais intrigante, uma vez que ela ja participou de quase todos os rituais mostrados e desconhecia Abramovic, ficando em êxtase com tudo o que foi documentado. Alguns dos rituais, inclusive, eu desconhecia a sua participação nele, o que levou a uma conversa esclarecedora.
Apesar de render um bom debate, vou levantar apenas alguns poucos pontos acerca do documentário. Primeiramente, a minha posição ateísta frente ao mundo me faz ver as crenças de outra forma, com admiração e intriga, curiosidade e recuo. A jornada vivenciada por Abramovic demonstra essa face cultural do Brasil, como colocado na sinopse, e eleva essa intriga, me fazendo ter, ao longo do filme, um misto de vontade de experimentar e ceticismo quanto à própria experiência. Isto decorre, talvez, do fato dos sentidos variarem de acordo com as pessoas, e a energia vivenciada por Marina ser algo próprio dela.
O documentário mostra um outro lado do Brasil, fugindo das grandes cidades e do turismo típico. Isto nos lembra do real valor do nosso país, de sua riqueza étnica. Contando ainda com uma narração em off da própria Marina, tudo se torna ainda mais intenso. Talvez o diretor, Marco Del Fiol, tenha pecado um pouco ao não explorar melhor as possibilidades imagéticas desta viagem interna da performer, contentando-se com o clássico documentário de uma road trip.
Assim como a experiência dessa jornada foi da própria performer, e somente dela, deixando-nos nada mais que com suas impressões e sensações, também não há muito mais o que falar. A experiência do assistir ao documentário é única e deve ser vivida por cada um. Deixo apenas o link do trailer aqui e a sugestão de uma produção brasileira que vale incentivar.
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